8 de out. de 2010

Ferrovia ou rodovia

Ferrovia ou rodovia?- No Diário Catarinense de 28 de agosto, tem uma matéria de Rogério Queiroz, que nos leva ao tempo da Maria Fumaça. Assunto interessante e bem explanado, pois no ano de l970 as ferrovias foram praticamente sucateadas pela União, Os trilhos foram tirados ou roubados, vagões inteiros foram abandonados, muitos vendidos ou desaparecidos. O governo, deliberadamente, agiu de forma a beneficiar o transporte rodoviário, dando para as multinacionais a prepotência nesse ramo. Os trens ainda hoje são utilizados em todo território europeu, pois é mais barato, rápido, cômodo e menos poluente. Nossas estradas estão sucateadas, congestionadas e causadoras de mortes todos os dias. O que vemos na mídia é impressionante, pois vidas humanas são ceifadas violentamente, sem que o governo tome uma iniciativa para amenizar ou evitar tamanho descalabro. A rodovia l0l é a estrada da morte e já hoje está congestionada e maltratada. Quando estiver concluída, a parte inicial já estará deveras comprometida, pois o fluxo de caminhões pesados já deverá ter estragado todo o asfalto. Podem estar certos de que daqui á l0 anos, a rodovia l0l já não agüentará o fluxo de automóveis e caminhões. Numa viagem para Porto Alegre, contei l5 caminhões “cegonha” ultrapassando o ônibus em que eu viajava. Há estrada que possa suportar um fluxo de caminhões de tamanho porte? Que saudades tenho do tempo dos trens. Quando vínhamos de Porto Alegre para Laguna, a parada em Araranguá era obrigatória para o pernoite. Pela manhã pegávamos o trem para Laguna e que alegria era a chegada na estação daqui. Pessoas aguardando os viajantes, moleques vendendo amendoim com açúcar, empadas e camarões recheados... Era uma festa, uma explosão de alegria, e de movimento, pois a estação ficava repleta de gente. A viagem era uma beleza, a vista era esplendorosa, uma comodidade poder andar pelos vagões. A viagem transcorria calma, prazerosa e isto tudo nos foi tirado para uma viagem cansativa, perigosa mesmo, pois os vagões não saem dos trilhos, mas os ônibus se expõem a todo tipo de perigo, isto é, ultrapassagens perigosas, velocidade não controlada, motoristas cansados por jornadas de trabalho alem de sua capacidade. Quem lucra com tudo isto? Poderosos e gananciosos por lucros exorbitantes, não importando a vida das pessoas. E nós, o que podemos fazer? Somos manobrados como marionetes nas mãos de governos corruptos, que fecham os olhos para os escândalos dos “mensalões”, das verbas para viagens vergonhosas dos políticos que foram por nós eleitos e as CPIS não dão em nada, já que quase ninguém é responsabilizado ou preso. Os ladrões de casaca andam alterosos pelos corredores do palácio, rindo de nós, pobres súditos. Há algum tempo, uma empresa japonesa teve interesse em instalar o trem bala ligando Porto Alegre com Florianópolis. Seria uma viagem super rápida, em trens de grande conforto, vagões com belos restaurantes, capacidade para um numero enorme de passageiros, capacidade para grande volume de carga, mas isto tudo não foi sequer estudado. As estradas não ficariam congestionadas, as viagens seriam curtas e a preferência, certamente, seria para este tipo de transporte. Porem, sempre um porem, onde ficam as multinacionais?Onde ficam as propinas para as licitações?Onde ficam os políticos que fazem parte da diretoria de grandes grupos? Tudo isto seria bom para o povo. Seria bom para evitar tantos acidentes nas estradas, seria bom para o bolso dos menos favorecidos, mas... Os órgãos de defesa de nossas matas, de nossas florestas, do nosso ecossistema, alegam que haveria muita destruição nos morros e nas matas. Isto é verdade? Trilhos ocupam muito menos espaço do que estradas. Trilhos transportam vagões com muito maior volume de carga, menos poluição. Um trem é muito mais seguro do que ônibus e as vantagens vão por aí afora. O turismo, com a implantação de trens, seria revigorado. Nossas belezas naturais seriam bem melhor apreciadas e as vantagens são imensas. Por tudo isto, incompreensível é não termos uma rede ferroviária na capacidade de nosso território. No Brasil, urgente é programarmos a implantação de ferrovias e de transporte fluvial ou marítimo, pois a extensão de nosso território assim exige. Vamos desafogar as estradas, vamos dar segurança aos motoristas e à população em geral. Vocês já viram os acessos para as cidades que existem na BR 101? Atravessar a pé, essas faixas e estes acessos é morte certa. Muitos acessos estão perto de escolas e as nossas crianças correm sérios riscos de vida. Por tudo isto, vamos votar em quem tem planos de melhoria no nosso sistema de transporte. Vocês já ouviram algum candidato falar nisto? È de interesse deles? Pensem bem, queridos leitores e leitoras, dando o seu voto consciente a quem merece. 
                                                             Mary Brown da Silva

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